segunda-feira, 25 de abril de 2011

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Amargo?

                        Difícil entender como surge uma companhia. Talvez a Única ainda não tenha surgido, mas o fato é que ela nasceu. O primeiro fruto foi o espetáculo “A Última Valsa”, onde a companhia tinha um apelido de Espantalho de Copas, e que por força do destino acabou antes mesmo de andar. Ela estreou no Festival de 2010 e terminou no Festival de 2010. Elenco dissipado, equipe solta, diretor ficou sozinho, avulso, solitário. Único. Aí apareceu a Companhia Única, que encontrou outras pessoas que se juntaram fizeram jus ao nome companhia.
                        Amargo saiu como um cuspe, como uma tosse, um latido, um espirro, rápido e impulsivo. A palavra veio como que por um súbito presságio e acabou sendo uma estrela guia para a criação de um texto onde a idéia de um casal em separação agradava mais que Pedro Bloch, em seu Inimigos Não Mandam Flores, ou Tenesse Willians em seu Fala Comigo Doce Como a Chuva... financeira e artisticamente falando.
                        Com isso apareceram pessoas malucas que apostaram na idéia e a abraçaram, trazendo discussões intermináveis de Nietzsche, Simone de Beauvoir com seus existencialismos e filosofias úteis para mais e mais discussões sempre intermináveis. E de repente o que era Amargo foi ficando doce e interessante de digerir. Alguns cortes se fizeram necessários para extrair o “creme de la creme” de um texto pesado e com sérios problemas de continuísmo.
                        Os temperos foram jogados na panela: figurino, sonoplastia, cenário, fotos, texto, emoção, dificuldade, apoios, nãos e nãos e mais nãos. Para resultar em um espetáculo que me deixa muito feliz. Não só por ter feito um produto final interessante mas sim por ter feito amizades densas e parcerias intensas com pessoas que completaram uma equipe competente e capaz. E hoje a Companhia Única não tem esse nome por estar sozinha ou avulsa. Mas por ser a única companhia com um grupo de amigos que entre agregados, transeuntes e fixos formam uma família gostosa de conviver. E o que fazer se é o que temos pelos próximos 60 anos?
Obrigado por estarem comigo nessa roubada.

Rodrigo Hayalla
Diretor Artístico